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Macondo, Garcia Marques, Brazil
Não sei quem sou. Se soubesse, não estaria escrevendo. E você também não sabe quem é. Se soubesse, não estaria lendo.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O TEATRO DOS VAMPIROS

Lembro-me que, dois anos atrás, também em época eleitoral, o TSE divulgava em rede nacional uma série de comerciais sobre a importância de se escolher um bom político – pelo visto não adiantou nada... Em uma dessas peças, determinado eleitor tinha uma abelha presa no ouvido e precisava alimentá-la com mel para que o zunido parasse. Como a divulgação era em todas as emissoras de TV e em todos os horários, o alcance foi maiúsculo. Acontece que, algum tempo depois, uma mãe entrou em contato com o TSE reclamando da má influência da propaganda, pois sua criança, ao ver o eleitor alimentando a abelha introduzindo mel em seu canal auricular – não sei se os termos foram exatamente assim – tentara fazer o mesmo… A peça publicitária foi retirada do ar.

Recentemente, uma turma de roupa colorida começou a aparecer na TV e não deu outra. Em todo canto veem-se jovens com calças e blusas de um tom reluzente, amarelo, azul, verde, tipo mamãe-tô-na-área, sem contar o cabelo tipo chapinha dos emos. Minha jovem vizinha ADOGA!!Não. Emo não é gay, ainda que o inverso de emo seja ome. Agora, começam a aparecer umas camisetas com gola em formato de V iguais às camisetas de um tal de Fuckyou que tem até um quadro no Fantástico – enquanto eu, servidor público federal e blogueiro nas horas vagas, o máximo que consigo é aparecer no jornal local em tom sério identificado com meu ortônimo. Ou é ele quem está aqui como seu heterônimo? Não sei mais quem sou eu
Semanas atrás, um vídeo mostrando uma senhora inglesa jogando uma gata dentro de uma lata de lixo ganhou o mundo e paródias. Esta semana, um vídeo de uma jovem da Croácia jogando vários cachorrinhos num rio, provavelmente gelado, causou comoção. Até mesmo eu, este poço de sentimentos da profundidade de um pires raso, fiquei chocado. A Inglaterra é logo aqui do lado, perto da Croácia, indo pra Ipatinga. O mundo parece ser menor que o Projac da Globo, onde se vai pra Toscana, Índia ou Marrocos em menos de um capítulo. Parodiando Drummond em O Mundo É Grande, digo: o mundo é grande e cabe nesta janela dentro da sala de estar.

Ontem, um vídeo gravado por celular mostra uma menina de aproximadamente 3 anos sendo incentivada por um grupo de adultos, entre eles, a tia, a fumar um baseado, em João Pessoa, Pernambuco. Era maconha mesmo, não era alface nem orégano… Provavelmente, foram influenciados por um outro vídeo mais antigo – mas nem tanto… – de um menino de 2 anos da Indonésia que fumava até 2 maços de cigarro por dia. Pronto. A imagem do bebê que curte uma rockonha corre o mundo: está na internet, está na sua sala, está na sala de seu vizinho.

Daqui a pouco, a mania se espalha e os pequenuchos vão aparecer por aí cheirando leite Ninho.

Isso é a moda. Isso é TV. Esse é o nosso mundo. Vou ligar o rádio.

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Se você quer saber o porquê do título, clique aqui. Dammy Urgo também é cultura.

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