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Quem sou eu

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Macondo, Garcia Marques, Brazil
Não sei quem sou. Se soubesse, não estaria escrevendo. E você também não sabe quem é. Se soubesse, não estaria lendo.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O MUNDO NÃO ESTÁ PRONTO

Alguns derrubam uma ponte, outros levantam um muro. Um toma suco, dois espremem uma laranja. Minha casa tem cerca eletrificada, a do vizinho tem câmeras de vigilância. Aquele menino tem medo da polícia, aquela menina engravidou do próprio pai. Não acredito em ninguém com 32 dentes, e dos que não têm nenhum, muitos não sobreviverão ao primeiro ano de vida ou, na outra ponta, estão abandonados pelos próprios filhos. Destruíram um país, dilapidaram uma nação, pilharam a democracia. A felicidade não tem preço, mas aquele ali cobra barato. Siga por esse caminho, mas há um pedágio a frente. Não siga, e será atropelado por quem tem mais pressa. Pra chegar ao mais alto grau de consciência é preciso experimentar a dor. Não pise na grama. Não pare na pista. Olhe para os lados. Mantenha o respeito. Mantenha distância. Não olhe pra mim. Mãos ao alto. É preciso começar de novo, replanejar, desenhar, medir a menor distância entre os dois pontos que nem sempre é uma linha reta. Calcular os custos, os gastos, as vantagens, as desvantagens. Seguir noutra direção. Não tem volta por aqui. Vamos tentar outro caminho.

terça-feira, 20 de julho de 2010

PRECONCEITO

Vejam só o que é o preconceito. Hoje, lendo as notícias do G1 como sempre faço, deparei-me com a seguinte notícia: TOP TRANSEXUAL BRASILEIRO SAI NA ‘VOGUE’ FRANCESA. Foto do lado esquerdo, não se confundam. Beleza. Matéria vai, matéria vem, em determinado momento diz-se que a top (por que a matéria diz “brasileiro”? – o preconceito começa aí...) chamada Léa T. (T de quê???) seria filha de um famoso jogador brasileiro. Um link leva à página de um outro jornal, o Extra, também do Grupo Globo, assim como o G1, mas isso todo mundo sabe... E, adivinhem quem é o tal pai da bela moça? Antônio Carlos Cerezo. Quem? Toninho Cerezo, o feioso aí do lado direito (novamente, não se confundam, as imagens são bastante parecidas), ex-jogador do São Paulo, América Mineiro, Cruzeiro e, principalmente, Seleção Canarinho e Atlético, onde ficou por mais de dez anos e onde encerrou sua carreira. Beleza. A matéria não me chamaria muita atenção não fosse a beleza da travesti, que passa tranquilamente como mulher. Então, resolvi citá-la aqui. E não é que, ao clicar na foto da menina para salvar no computador deparei-me com a tela abaixo que já indica o nome do arquivo??


A matéria que está no “Retratos da Vida”, nome que é a cara da Globo, encontra-se em uma seção assinada pelos senhores Leo Dias, Carla Bittencourt e Nilton Carauto que chamam a jovem moça peloinsultuoso termo “traveca”. Não poderia ser, pelo menos, travesti, que não é nada pejorativo? Por que não poderiam chama-la de “moça”, ou “Lea T.”? Em uma matéria na mesma página, a foto da Déborah Secco está identificada como “Debi”. A atriz global merece um nome, mas uma travesti não tem o mesmo direito? Já não basta o pai ter dito, tempos atrás, que tinha apenas 3 filhos - na verdade, são 4 - temos um veículo de comunicação de massa participando da disseminação do preconceito.


segunda-feira, 19 de julho de 2010

AMIZADE

Em 18 de abril, foi dia do amigo; amanhã, será dia da amizade. Não entendo muito bem o porquê desta divisão se, sem o segundo, não há o primeiro e versa-vice. De qualquer forma, como em 18 de abril não fui oficialmente comunicado da data e nem me lembro de o que estava fazendo, estou preparando uma grande comemoração para amanhã. Aluguei mesas, cadeiras, docinhos, balinhas, salgadinhos, balões de festa, apitos, uma chuva de prata, línguas de sogra, de esposa e de mulher, refrigerante, cerveja, quentão, vinho, música ao vivo, telão, videokê, etc, etc, etc. Para os homens, encomendei um bolo enorme de onde, em determinado momento das comemorações, uma moça bonita, em trajes sumários, irá despontar com sorrisos gratuitos para todos. Para as mulheres, dois dançarinos também em trajes sumários, mas as apresentações destes serão em uma área reservada, pois ninguém é obrigado a se deprimir. Também vai ter churrasco, carne de primeira, carvão importado que não deve fazer diferença alguma. Para as crianças, filhas dos meus mais diletos amigos, videogame sem limite, os últimos sucessos comprados na banquinha do camelô da esquina. Paguei tudo com cheque pré-datado para 23 de agosto, Dia da Injustiça (sério, isso existe mesmo, assim como o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio em 16 de setembro, véspera do Dia da Compreensão Mundial, que eu não entendo muito bem o que significa e poderia se chamar Dia da Incompreensão Minha). E para ter certeza de que eu não seria incomodado por ninguém, nos convites que enviei dei o endereço errado. Vai todo mundo para um salão de festa que não foi alugado esperando por comes e bebes que nunca irão chegar. Se chegar, que comam no meio da rua, sentados sobre os meios-fios, engolindo a poeira dos caminhões que passam lembrando-se do dia em que pedi dez reais emprestados e ninguém me ajudou... Então, na tranquilidade de meu sacrossanto lar, dormirei tranquilo.

sábado, 17 de julho de 2010

EU, GRANDE ESPORTISTA

Já disse, posts atrás, que tenho feito alguns exercícios e, inclusive, participado de algumas corridas de rua. Agora, estou me interessando seriamente em futebol. Principalmente depois dessa...

VIDEO

RADIOTERAPIA

Estressado, sento-me no sofá da sala e divago. A divagação, o silêncio, os pernilongos, me incomodam. Tudo me incomoda. Quase não há lugar pra mim. Ligo o rádio numa espécie de desafio. Não me lembro a última vez que o fiz. Só tenho ouvido MP3 de músicas antigas – tudo que tem mais de dois anos pertence a um museu vivo – em meu caminho para o trabalho, para casa, para o trabalho. Bandas de rock americanas e inglesas, além de um pouco de rock nacional de fins do século passado, quando muita gente que já morreu ainda estava viva. Na primeira música, uma voz esganiçada canta as mazelas da traição. Ela me deixou. Ela me traiu. Eu me sinto tão só. Mudo de estação ainda em tédio com um T bem grande pra você. Esta segunda música, uma voz feminina ainda mais esganiçada na fracassada tentativa de um falsete, canta as mazelas da traição. Ele me deixou. Ele me traiu. Eu me sinto tão só. Mudo de estação, o tédio é mais que tédio. É desânimo. Beira a fraqueza. A próxima “canção”, por assim dizer, fala de um cara que deixou tudo pra trás para seguir uma mulher. Que o deixou. Que o traiu. Que o faz sentir-se tão só. Acabo de descobrir que o mundo se resume a traições, trapaças e mentiras. O tédio e o desânimo já se transformaram em náuseas. O mundo passa a girar lentamente. Às vezes perde a cor. Às vezes ganha gosto. Mas não me dou por vencido. Deve existir salvação onde menos se espera. Rodo o dial como se rodasse uma roleta, e ouço uma voz jovem e assexuada repetindo : Beibi, beibi, beibi, nooooo!!! Beibi, beibi, beibi, nooooooooooo!!!!!! Antes de vomitar sobre o tapete da sala, tento outra estação e mais outra e mais outra. A mesma desgraça!! Batidas descompassadas, grunidos desafinados, letras com duplo sentido, algumas com triplo, outras ainda mais. O mundo acelera e eu permaneço parado. Desfaleço. Sonho estar no inferno com guitarras estritentes ao meu lado, uma bateria atrás, um público ensandecido à frente gritando palavrões. Estou cantando no Santo Sepulcro, uma banda fictícia dos meus tempos de juventude, criada por mim no momento em que descobri que as Filipinas não ficavam na América Central e percebi que tinha de fazer alguma coisa para melhorar o mundo. Na SS, eu era o vocalista, além de tocar cítara, balalaica, oboé e triângulo, minha especialidade. E fazia as letras. O público tentava subir o palco. Os seguranças espancavam um carinha lá no fundo. O céu no inferno. Se eu morresse assim, teria morrido feliz, mas minha filha me ressucita. Tem os olhos vidrados, em pânico. Eu, me sentindo o próprio John Boonham antes de morrer afogado em seu próprio vômito, suplico. Desliga o rádio, pelamordedeus. E ela, que nunca havia ligado o rádio e só conhecia música através do painel minimalista de seu MP18, não consegue encontrar um mísero botão onoff. Levanto. Cambaleante e buscando forças ocultar fornecidas pelos deuses da guirarra. Devo estar uma figura. E fedorento. Alcanço o pequeno aparelho e arremesso-o contra a parede. A música pára. Piriri piriri piriri, ninguém mais canta pra mim. O mundo está de volta ao seu lugar. Eu estou de volta ao meu tédio salvador. No chão, pequenas fagulhas saem do aparelho destruído. Sinto-me vingado. O cara que inventou este troço merece estar no inferno numa hora dessas. Ouvindo Santo Sepulcro.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

NEM MORTO!

Quando morrer, levo tudo comigo. Eu é que não vou deixar nada pra minha esposa. Cama, TV, bebidas... tudo foi eu quem comprei com meu suor e muito trabalho. E vou convidar todos meus amigos para a despedida. Vai ser uma festa!






TUDO PELO SOCIAL 2

Durante os últimos 8 anos o PSDB e parte da sociedade brasileira – e eu faço parte deste segundo grupo – vêm criticando o Bolsa Família, acusando o programa, com razão, de não oferecer opções de saída. Ao invés de ensinar a pescar, dão o peixe. Frito. O dinheiro é uma droga, e como toda droga, o dinheiro vicia. As famílias se tornam dependentes daqueles cento e pooucos reais. Não conseguem largar, se acostumam com o valor e não buscam opções. Não há controle sobre quem recebe, sobre quem deveria deixar de receber, sobre cumprimento das exigências para fazer parte do programa como, por exemplo, crianças matriculadas e vacinadas. E não é que o Sr. José Serra, candidato ao segundo cargo mais importante do país – o primeiro, é o de treinador da seleção, que ainda está vago – pertencente à oposição assinou, nos últimos dias, um compromisso afirmando que vai continuar com essa pou... digo, política e, ainda, duplicará o programa? Enquanto o sistema era alimentado pela situação, fazendo com que a massa de desocupados encostados no erário crescesse cada vez mais, eram contra. Agora, para angarir mais votos, prometem duplicá-lo, e certamente os demais não vão querer ficar pra trás. Daqui a pouco, algum Deputado ou Senador mais generoso cria o Bolsa Copa para custear ingressos mais baratos para a população carente. Hoje, já são 10 bilhoões de reais por ano, dados, praticamente, de graça. Vai faltar peixe.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

TUDO PELO SOCIAL

Preciso fazer minha parte social, ainda que seja protestando: de quem terá sido a fantástica ideia de se exigir do eleitor, nas eleições deste ano, um documento com foto e o próprio título eleitoral? Não digo que seja errada a exigência de um documento com foto, mas há anos vota-se com o título – até mesmo sem ele – e só agora, em cima da hora, quando outras mudanças já se encontram planejadas para um futuro tomam essa decisão. Não conseguimos, nunca!, ter uma eleição igual a outra. Quando o eleitor está se acostumando a votar, vem uma lei, uma resolução, e muda tudo. Mudar o que pode e o que não pode na propaganda eleitoral, tudo bem, mas mudar a forma de votar é mexer diretamente em uma tradição, ainda que esta tradição esteja errada desde seu início. É preciso tempo. Se o título de eleitor não tem uma foto, não é culpa dele. Será que o TSE, deputados e senadores nunca perceberam isso ao longo desses anos? Até bem pouco tempo atrás, os eleitores votavam com cédulas, agora, votam na urna eletrônica, a revolução nacional, e já há municípios brasileiros que trabalharão com as novas urnas com identificação digital. Certo, é mais segurança, mas para que os eleitores passem a votar nas novas urnas digitais, será preciso que os títulos sejam recadastrados e completamente modificados, pois, além da digital, contarão, também, com foto.  Ora, se durante anos votamos sem apresentar um documento de identidade, creio que poderíamos continuar votando da mesma forma por mais alguns e, então, trocaríamos nosso título por um modelo muito mais atual e seguro... No mínimo, poderiam ter publicado a lei agora – na verdade, foi no ano passado, mas quem fala sobre eleição no ano anterior se não os políticos? – para viger dentro de dois ou três anos, assim, os caríssimos eleitores teriam tempo para se adaptar. Agora, os servidores da Justiça Eleitoral têm a responsabilidade de pedir aos eleitores que mudem suas rotinas, que tirem documentos de identidade – muitos no interior desta Minas só possuem certidão de nascimento – ou, do contrário, não poderão votar em seu candidato predileto. Portanto, prezado eleitor, não se esqueça, e tocarei nesse assunto por mais algumas vezes até lá: nas próximas eleições, identidade e título. Sem isso, nada feito.
Ah! Estou colocando abaixo o link para baixarem o comercial bolado pelo TSE.


http://www.tse.gov.br/internet/eleicoes/campanha_publicitaria.htm

quarta-feira, 14 de julho de 2010

ESTANDO TELEFONANDO

- Bom dia.
- Bom dia. Pois não, senhor.
- Tenho uma reserva para o próximo mês.
- Só um momento, senhor. Qual seu nome, senhor?
- Dammy Urgo. D – A – M – M – Y – U – R – G – O. Na verdade, é com dois “gês”, mas eu assino com um só para não parecer pedante.
- Só um momento, senhor. O telefone ficará mudo, mas vou estar te ouvindo.
-...
- Senhor, foi lhe passado um número de reserva?
- Sim. Quatro, oito, um, cinco, um, seis, dois, três, quarenta e oito.
- Só um momento, senhor. O telefone ficará mudo, mas vou estar te ouvindo.
-...
- Senhor... Quando a reserva foi feita?
- Três meses atrás, pois eu sabia que nessa época a procura é grande. Havia uma promoção: reserva com apenas 1% de depósito adiantado.
- Perfeito, senhor. E o senhor forneceu seus dados corretamente?
- Não, minha querida, eu errei de propósito... Claro que sim, eu sei meu nome: Dammy Urgo, eu assino com um gê e...
- Já entendi, senhor. O problema, senhor, é que não está constando sua reserva em nosso sistema.
- Como assim “não está constando”?
- Não está, senhor. Não está constando.
- Mas... mas...
- Senhor, lamento, mas deve ter havido algum engano.
- Engano? Como assim? E agora, quem vai pagar por este engano? A senhorita acha que dinheiro cai do céu?
- Não se preocupe, senhor. Ainda temos dois quartos vagos: o 23A e o 24B.
- Eu havia reservado o 23W, com vista para o mar.
- Lamento, senhor. Os apartamentos W, que são todos com vista para o mar, estão reservados ou ocupados. Só temos o 23A e o 24B.
- E têm vista para onde?
- Para o estacionamento, senhor.
- Para o estaciona... A senhora sabia que onde eu estou, neste momento, tenho vista para o maior estacionamento da cidade? Que eu vejo centenas, milhares de carros, entrando e saindo o dia inteiro e que, então, eu quero férias justamente por causa disso? O Gerente, me chama o Gerente.
- Senhor, creio que nós mesmos poderemos estar resolvendo este pequeno problema. Posso estar dando um desconto nas diárias dos quartos 23A  ou 24B e, caso o senhor ainda prefira não estar escolhendo nosso hotel, que é um dos mais respeitáveis da região, podemos estar devolvendo o depósito de 1% que o senhor tinha adiantado.
- Não, nós não vamos poder resolver nada. Eu quero o quarto que eu reservei. Me chame o Gerente.
- Pois não, senhor. O telefone ficará mudo, mas vou estar te ouvindo.
-...
-...
-...
- Senhor Dammy Urgo? Bom dia.
- Bom dia.
- Já fui posicionado a respeito do problema do senhor e estou aqui para estarmos chegando a uma resolução para o caso.
- Assim espero.
- Senhor poderia estar me passando seu nome completo.
- D... A... M... M... (...), é com dois “gês”, mas eu assino com um só para não parecer pedante.
- Aguarde um instante. O telefone ficará mudo, mas vou estar te ouvindo.
-...
- O senhor pode estar me passando o número que lhe foi informado no momento da...
- Quatro... oito... (...)
- Um momento, senhor. O telefone ficará mudo, mas vou estar te ouvindo.
-...
- Senhor, aguarde mais um instante.
-...
- Pronto. Aí está... Senhor, lamento o incômodo, mas houve uma mudança nos nossos procedimentos e no nosso sistema de cadastro de clientes e hóspedes, tudo para um melhor atendimento a todos, e nosso banco de dados por vezes se mostra instável. Por isso, eu estava revendo os cadastros passados e verifiquei, senhor, que para sua satisfação e para a nossa também, pois é sempre um prazer estar recebendo hóspedes novos, sua reserva está constando em nossos sistemas e teremos prazer imenso em recebê-lo em nosso hotel.
- Que maravilha!
- Tudo não passou de um engano, senhor, a tecnologia tem estes contratempos... Peço desculpas pela demora no atendimento e pela confusão, mas tenho certeza que o senhor está entendendo. Nosso hotel tem muitos funcionários, muitos quartos e muitos clientes, e enganos podem sempre estar acontecendo.
- Perfeitamente. Entendo sim. E fico muito satisfeito por terem localizado minha reserva, já estava ficando nervoso com a moça.
- Estamos ansiosos por sua visita.
- Na verdade, eu estou ligando é para cancelar minha reserva. Não poderei viajar nesta data.
-...
- Senhor Gerente?
-...
- Senhor Gerente???
- Senhor Dammy Rubro...
- Urgo, Dammy Urgo, com dois gês mas...
- Urgo, perdão, senhor... Lamento informar que, para o cancelamento, segundo o regulamento do nosso hotel, há uma taxa de 10% sobre o valor total das diárias para estarmos cancelando sua reserva.
- Não tem problema. Em que conta deposito?

terça-feira, 13 de julho de 2010

Aidez, ma chère amie!

O Dia Mundial do Rock completa hoje 25 anos, mas o rock é mais, muito mais!, velho do que isso. A história conta que sua origem remonta ao fim da década de 40 e início dos anos 50 nos Estados Unidos, onde tudo nasceu – menos Deus, que é brasileiro. Nos anos seguintes, uma série de ramificações fez com que o gênero se espalhasse pelo mundo. Mas o rock nasceu antes, muito antes.

Vejamos:

1 - Neste mesmo dia 13 de julho, em 1793, Charlotte de Corday, descendente de uma família da pequena aristocracia da Normandia, educada em um Convento Católico-Romano em Caen, também em França, entra na casa do líder revolucionário francês Jean-Paul Marat e o mata enquanto ele está na banheira. Ele era um dos mais importantes defensores da política do Terror instaurada naquele país pelos jacobinos, e morreu com uma faca no coração implorando: Ajude-me, cara amiga - na verdade, foi em francês, mas a frase é tão bonita que preferi utilizar no título desta postagem. Quatro dias depois, Charlotte de Corday foi guilhotinada. Isso é rock.

2 – Em 1917, ocorre a terceira aparição de Virgem Maria às meninas de Fátima, em Portugal. Isso é rock!

3 – Em 1945, o ano que não será esquecido, é montada a primeira arma nuclear da História, chamada Trinity, num deserto do Novo México, Estados Unidos, onde tudo nasceu – menos o Papa João Paulo II, que era carioca. Estávamos – na verdade, eu não apareci por lá – na Segunda Guerra Mundial: Projeto Manhatan. Isso é rock!!

4 – Em 1985, nasce o Dia Mundial do Rock, durante um show – deve ter sido um parto barulhento... - o Live Aid, em prol das vítimas da miséria na Etiópia. Os shows foram realizados em Sydney, Londres, Moscou, cidades do Japão e, adivinhem, Filadélfia, nos Estados Unidos, onde tudo nasceu, menos Serguei Nazarovich Bubka, ucraniano que, no mesmo dia, foi o primeiro homem a ultrapassar os 6 metros no salto com vara. Serguei. Ui! Rock!!!!!!!!

Mas se formos analisar a história com o Hubble, chegaremos à conclusão que o rock ainda é bem anterior a isso. O rock, acredita esse retrovisionário bloguista, nasceu durante a idade do bronze, no momento em que um daqueles cabeludos, ao deixar cair aquela mistura entre cobre e estanho sobre uma rocha, percebeu que aquele troço fazia um som legal.

Mas não há muito o que comemorar neste dia. Mesmo que os Trending Topics do Twitter – onde o espaço é pequeno demais para os meus desvarios – sejam dedicados a esta data, com citações a Iron Maiden, Led Zeppelin, Raul Seixas, Rolling Stones, Metallica, Sepultura e Eliza Samudio – ela é rock – o gênero, se não morreu, está moribundo, desde que Cobain matou o grunge com um tiro na cabeça e eu percebi que o xadrez não ficava bem em mim. E o Pearl Jam, remanescente daquele movimento, acaba de anunciar uma pausa por tempo indeterminado sem que eu fosse a um show seu. O Pearl Jam nasceu nos Estados Unidos.

Pelo menos o assunto foi o rock. Não foi o julgamento de Lindsay Lohan, não foi o piano de Lennon que Lady Gaga tocou em roupas íntimas, e até falaram menos sobre o goleiro do Flamengo, também conhecido como Bruno. Este é heavy metal, Black Sabath perde feio, e Ozzy Osbourne morder a cabeça de um morcego torna-se um inocente  coadjuvante de desenho da Disney. Por sorte, nossa sorte!, Ana Maria Braga não mudou o penteado, não hoje, Geyse Arruda não deu nenhuma declaração bombástica, Justin Bieber continuou com a mesma dancinha de lagartixa com dor de barriga - desculpe-me pequeno geconídeo - e Luan Santana continua vesgo demais para conseguir encontrar uma veia em seu braço e tornar-se um rock star. Não. Eles não nasceram nos Estados Unidos, mas o último bem que poderia se mudar pra lá.

Mas o rock volta, ele sempre volta, pra fazer ainda mais barulho e fazer as pedras rolarem.


segunda-feira, 12 de julho de 2010

(5)POEMINHA DO CONTRA

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Mario Quintana

A COPA DO MUNDO É DELES!!

Não é que eu não acredite em meu País: eu não acredito é em seus governantes. São pessoas, e pessoas, normalmente, não são confiáveis. Eu não confio nem em mim mesmo, quanto mais nestes que estão aí, querendo atravancar o meu caminho – eu passarinho(5)... – quando deveriam é estar a favor do povo. No mínimo, defendendo nossos interesses.
Mas a Copa do Mundo de 2014 ser realizada no Brasil... Não, não vai dar certo.
Quer dizer... vai, mas não vai. Os senhores deputados, senadores, governadores, presidente e afins não deixarão que, simplesmente, no dia do jogo, falte luz, que um avião caia, que uma ponte desabe, que falte água, que tenha enchentes, que uma mulher nua invada o gramado, que um armado esvazie o gramado, que descubram partes esquartejadas de um corpo no círculo central do gramado ou que a bola murche. Enfim: não ficarão na marca do pênalti. O problema é o preço que isso nos vai custar. A quantidade de dinheiro envolvida num projeto deste porte é absurda, e mais ansiosos em botar a mão em tanta grana estão os afins citados acima a partir desta semana, com o fim da melancólica Copa da África, de qualidade técnica sofrível, mas bela, como tudo o que os africanos fazem
Não faltarão CPIs para investigar um desvio de verba aqui, uma maracutaia ali, um favorzinho acolá, um suborninho amiúde, um maço de dólares escondido na cueca. A Copa de 2014 que começa com quatro anos de antecedência levará pelo menos meia década após seu fim para que o lixo que se acumula a partir de agora embaixo do tapete verde seja totalmente descoberto, e pelo menos mais duas décadas para ser esquecida.
O que me consola é a criatividade da agência África, responsável pelo logo oficial da Copa que nunca será nossa. Garotos espertos esse pessoal da mídia!! O logo tem um multi-significado: lembra a própria taça, tem as cores verde e amarela, que significam não apenas as cores de nossa bandeira como nossas matas e florestas (ainda tem umas por aí), tem as mãos entrelaçadas como se segurassem um mundo e tem... bem... tem o Chico Xavier!!! É!!! O Chico Xavier é nosso!!! Vejam, ele está nos mandando alguma mensagem do além como quem diz: desistam ainda que há tempo.


Mas, em respeito aos católicos fervorosos e adeptos das demais religiões, prefiro imaginar que o logo é apenas um cara que, depois de ver tanto desperdício de dinheiro, bota a mão na cabeça e diz, com o desconsolo brasileiro que lhe é peculiar: putz!!

domingo, 11 de julho de 2010

(4)NUM MONUMENTO À ASPIRINA

Claramente: o mais prático dos sóis,
o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.
Principalmente porque, sol artificial,
que nada limita a funcionar de dia,
que a noite não expulsa, cada noite,
sol imune às leis de meteorologia,
a toda hora em que se necessita dele
levanta e vem (sempre num claro dia):
acende, para secar a aniagem da alma,
quará-la, em linhos de um meio-dia.

Convergem: a aparência e os efeitos
da lente do comprimido de aspirina:
o acabamento esmerado desse cristal,
polido a esmeril e repolido a lima,
prefigura o clima onde ele faz viver
e o cartesiano de tudo nesse clima.
De outro lado, porque lente interna,
de uso interno, por detrás da retina,
não serve exclusivamente para o olho
a lente, ou o comprimido de aspirina:
ela reenfoca, para o corpo inteiro,
o borroso de ao redor, e o reafina.

João Cabral de Melo Neto

MENS SANA IN CORPORE SANO

Step livre, uma hora de, em cima da Wii Balance Board. Dois seriados me acompanham: The Office já estou terminando, CSI Las Vegas estou na primeira temporada. São dez... Antes, passei pelo Dr. House e sua perspicácia para respostas grosseiras, e também por Fringe, Dexter, True Blood. Só assim perco peso, e já se foram quase 10 em pouco mais de 4 meses. Tento fazer, no mínimo, 1 hora por dia. Geralmente, faço mais, e a patroa grita lembrando-me dos exageros meus: muitos livros, muito vídeo game, muito exercício. Guarde os sapatos, feche as gavetas. Isso aqui fica ali embaixo, este lado para cima. Deveria ter feito mais e compensar a falta dos dias anteriores quando fiquei um tanto quanto ausente: tive de ir em duas cidades da região a trabalho e retornei um pouco cansado. Além disso, não dormi muito bem nas últimas três noites – homem de fases – nem com a ajuda da fluoxetina. Aliás, talvez eu já tenha me adaptado a ela e ela já tenha se adaptado a mim. Ainda assim, um dia, escreverei um poema-monumento assim como João Cabral escreveu para a sua pílula preferida(4). Esta semana, pego nos steps com mais vontade para participar da próxima corrida que eu nem sei quando será. Sim, tenho também me dedicado a correr. A foto abaixo mostra isso. Para que não fiquem perdidos me procurando, já aviso: estou ao lado do cara de vermelho.

(3) GLOSAS

Toda a obra é vã, e vã a obra toda.
O vento vão, que as folhas vãs enroda,
Figura nosso esforço e nosso estado.
O dado e o feito, ambos os dá o Fado.

Sereno, acima de ti mesmo, fita
A possibilidade erma e infinita
De onde o real emerge inutilmente,
E cala, e só para pensares sente.

Nem o bem nem o mal define o mundo.
Alheio ao bem e ao mal, do céu profundo
Suposto, o Fado que chamamos Deus
Rege nem bem nem mal a terra e os céus.

Rimos, choramos através da vida.
Uma coisa é uma cara contraída
E a outra uma água com um leve sal,
E o Fado fada alheio ao bem e ao mal.

Doze signos do céu o Sol percorre,
E, renovando o curso, nasce e morre
Nos horizontes do que contemplamos.
Tudo em nós é o ponto de onde estamos.

Ficções da nossa mesma consciência,
Jazemos o instinto e a ciência.
E o sol parado nunca percorreu
Os doze signos que não há no céu

Fernando Pessoa

(2) VINTE E NOVE

Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você
(Já que você não me quer mais)

Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove, com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver.

Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar
E a pedir perdão.
(E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez)

Renato Russo

AINDA ESTAMOS NO EXÓRDIO


"Elton John declara que sua vida começou aos 43 anos", anuncia uma breve reportagem na web (link logo abaixo). Eu tenho quantos? 35. Ainda não me acostumei e preciso fazer matemática para lembrar-me que a curva já foi virada e a esquina já se quebrou. Programara o começo da minha para o retorno de Saturno(2), o Astro Baço (3). Mas isso foi seis anos atrás e, desde então, não me restou tempo para tanto. Espera! Vou pegar minha agenda e ver se tenho hora vaga para os próximos anos, uma hora entre a falta do que fazer e a vontade de dormir.


Notícia





Saturno Devorando Seus Filhos, de Goya.

(1) EU SOU TREZENTOS

Eu sou trezentos, sou trezentos e cinqüenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pirineus! ôh caiçaras!
Se um deus morrer, irei ao Piauí buscar outro!
 
Abraço no meu leito as melhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!
 
Eu sou trezentos, sou trezentos e cinqüenta,
Mas um dia afinal toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.

Mário de Andrade

HOJE

E hoje eu comecei meu blog. Só não sei até onde - quando - vai. Posso desistir no fim desta tarde ou amanhã cedo. Posso desistir no próximo mês, ano ou século. Pode ser que eu não desista. Normalmente, eu não desisto, pois é mais fácil criar o monstro que domesticá-lo. Mas, vá lá saber!! Cada dia sou um, cada dia sou outro, "sou trezentos, trezentos e cinquenta/as sensaçoes renascem de si mesmas sem repouso"(1), e ainda que um deus morra, não irei ao Piauí. Deve ser longe pra caramba, e não costumo ir a lugares onde nunca fui antes.
Mas... do que tratávamos?
Hora do almoço.

GÊNESIS

No princípio era o Verbo,
E o Verbo estava com Deus,
E o Verbo era Deus.
O Verbo era transitivo direto e precisava de um complemento.

O complemento não veio.

Por isso, o mundo é assim.

Dammy Urgo - 2000

PROLEGÔMENOS

Vamos começar pelo começo...