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Macondo, Garcia Marques, Brazil
Não sei quem sou. Se soubesse, não estaria escrevendo. E você também não sabe quem é. Se soubesse, não estaria lendo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O SAGRADO RASGADO

Um maluco americano – tem muita gente maluca por lá – promete que, no próximo 11 de setembro, irá queimar o Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, para marcar o nono aniversário dos ataques de 11 de setembro. Primeiro, acho que só se deveria marcar, ou comemorar, as datas boas: esqueça-se o 11 de setembro de 2001 – ataques às Torres Gêmeas; o 06 de agosto de 1945 – a bomba nuclear sobre a Hisoshima, ou o 26 de dezembro de 2004 – Tsunami na Indonésia, sem contar as datas de nascimento de alguns “grandes” líderes mundiais. Em segundo lugar, sou até capaz de entender a repercussão deste ato insensato pelo mundo, capaz de causar uma onda de violência sem precedentes, mas não compreendo a repercussão que tem tido no Brasil.
Aqui, rasga-se, todo dia, indiscriminadamente, a Constituição Federal e ninguém diz nada, ninguém se espanta, mal se arqueiam as sobrancelhas. E quem faz isso são os que estão lá em cima. Passa-se por cima de leis, derruba-se pilares constuídos através da história, mata-se a alma do cidadão, desrespeita-se os direitos mais básicos de todos : alimento, moradia, saúde, educação. Vida.

Sagrado é apenas aquilo ditado por um deus, por um profeta, por um escolhido? Um texto que, bem ou mal, teve a participação da população, não pode ser considerado sagrado? Tem menos valor?
A quebra de sigilo fiscal é o assunto da moda. Meu sonho era trabalhar na Receita Federal. Ano passado, estudei o ano inteiro para tanto. Cheguei perto, mas não deu. Agora, não sei se devo continuar sonhando com isso. Daqui a algum tempo, ser chamado de Servidor da Receita Federal pode tornar-se um insulto e de insultos eu já estou farto. Tem tanta gente com o sigilo sendo quebrado – e o Serra tem tantos parentes… – que, daqui a poucas semanas, os repórteres anunciarão, com suas vozes taciturnas, profundas, abismáticas: Fulano continua com seu sigilo fiscal preservado. Ele é o último.3
Então, erguerão-se igrejas, cultos, filosofias em honra de um único intocado. Talvez este pobre coitado não tenha mesmo nenhum sigilo a ser quebrado por ganhar salário de fome, ou talvez seu nome tenha sido esquecido embaixo de algum dossiê mais importante, ao fundo de uma gaveta bolorenta. Nesses últimos tempo, ser desconhecido é o que há de melhor.

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